I'm just a dreamer...

Pó de arroz. Para disfarçar as impurezas da vida e do amor. Pó de arroz. Porque nem tudo é como o almejaste num daqueles balões engraçados da BD, quando as personagens sonhavam, com aquela forma engraçada. O sol põe-se em tonalidades de vermelho e o céu adormece em cima do mar, deixando difusa a certeza de onde se inicia um e onde é o térmito do outro.Deixo a caixinha do pó de arroz em cima da pequena cómoda, dispo o fato do tempo, das memórias, dos ardis, e mergulho em ti: eu sou céu e tu és mar, ou serás tu céu e eu mar?Duas mãos entrelaçadas em fundo laranja, em pôr do sol avermelhado, numa moldura que trago acorrentada no meu peito. Adormeço nas almofadas de penas e sinto-me eu mesma leve como uma pena. Dormes a meu lado enquanto sonho contigo. Acordo e permaneces imóvel por entre os lençóis e cobertores que revolto em danças estapafúrdias. Danço ao som dquilo a que a nossa língua dá o nome de felicidade. Felicidade ou amor. Ou talvez ambos. Ou talvez nenhum. Apenas a sensação gigantesca por entre as palavras vazias. Nenhuma delas consigo vestir que me sirva. Porque a sensação é demasiado intensa, arrojada, inovadora, um tremor de terra, um tsunami, um furacão com o teu nome e a tua forma. Porque eu vejo-te. Com as lentes de graduação mágica que um dia inventei. Entre nós brota um diálogo mudo, sem como nem porquê. Vislumbro o mar e as minhas pegadas na areia. a areia de conchas brancas de todos os tamanhos e feitios. O mar e a espuma branca. o céu e o sol. A água cintilante nos meus olhos. O brilho que arrasta tudo à sua volta. De um céu infinito, quase tão perto que o posso tocar, o céu tem o teu cheiro. A vida tem esse paladar da tua língua, e a areia é deserto, sem a marca da tua brisa que por ali passa.



És essa brisa que me faz voar os cabelos, a torre mais alta de uma qualquer igreja ou monumento, a torre onde se dizia sempre estar enclausurada a donzela em apuros. A torre mais alta, onde se está mais perto daquilo a que chamam Deus. A que tem a vista panorâmica sobre a natureza, essa casa que o ser habita. Se eu sou céu, tu és gaivota. Se sou gaivota és essa linha do horizonte que permanentemente anseio ultrapassar. Se és hipérbole sou metáfora. Porque entre nós não há comparação. Somos apenas um ponto pequenino no meio de uma multidão mesclada de cores e sabores. Somos um agora e nem quero saber do depois do agora. O depois do agora fica lá no fim do mar e ninguém sabe onde fica o fim do mar. Gosto de pensar que o mar não tem fim.Que tu não tens fim. Cai o pano, ou mais precisamente cerram-se as pálpebras. Sinto ainda uma mão leve na minha face. Adormeço.

Comentários

Fátima disse…
"És essa brisa que me faz voar os cabelos" =O e a torre, a analogia com a comparação! oh ninfa... SUBLIME! sem dúvida devastada por um furacão que te fez rodopiar numa panóplia tal de sensações e te deixou assim... com os cabelos ao vento e completamente louca! =D nem consigo dizer coisa com coisa... adorei!!!!!!
Admin disse…
Milhares de escritores invejariam a tua destreza, a tua transparência, o teu taf taf!!LINDU...incrivel..não pára de surpreender o afilhadu!keep going..that way!
bjuss*