Sinos
Ao ensurdecedor ressoar dos sinos na sala escura, fechada, asfixiante e tenebrosa em que está aprisionada, a minha alma treme à solenidade condenadora de cada toque, e a música torna-se um uivar aterrador de dedos esticados que gritam revolta, desilusão, condenando, julgando, abrindo-me por dentro e apontando a podridão que me consome. Tapo os ouvidos. Destapo. Os sinos já não tocam lá fora… os dedos desapareceram… mas os sinos martelam ainda a minha mente, movidos pela minha alma, transformada, distorcida, modelada por tantos dedos finos, pontiagudos, de longas unhas afiadas de incompreensão e julgamento…
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