Porque escrevo
Porque escrevo?
Porque tive uma infância de risos e gargalhadas e abraços de arroz doce
Com amor de olhos nos olhos e almoços de falar por cima uns dos outros e os miúdos na mesa mais pequena da cozinha e os avós, pais e tios na mesa da sala
Menos a avó que andava sempre em pé de um lado para o outro a servir toda a gente e esquecia-se dela
E os miúdos não queriam comer a sopa e os crescidos contavam anedotas que não sabiam que conseguíamos ouvir
Escrevo porque me amaram
Deram-me mundo e paz e alegria
Filhozes no Natal e corridas de bicicleta no verão
E agora eles aos poucos vão-se embora e levam bocados de mim
E aqui fico, sozinha com as minhas palavras
Eternamente incompleta
Por isso escrevo
E além do meu coração ficam para sempre nas minhas letras soltas
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