Era uma vez...
Era uma vez uma princesa, mas a casa das bonecas cresceu. Os pózinhos de pri lim pim pim transformaram-se em pós de esperança, cinza à espera de arder numa lareira.
Era uma vez uma jarra com flores na mesa da cozinha.Era uma vez um coração. A criança derrubou a jarra, flores desfolhadas, água derramada. O coração ficou amarrotado, derrubado, derrotado a um canto do sótão.
A minha avó guardava sempre no sótão as coisas inúteis, empoeiradas, as coisas antigas ou partidas do passado. O meu coração ficou no cantinho do sótão , bem do lado do baloiço que me era tão querido em criança.
A minha mãe dizia tantas vezes : " Cresce filha..já não tens idade para andar de baloiço!"Contava a bússola do tempo 13 primaveras. Mas eu nunca queria crescer. Ainda hoje me ponho a olhar o baloiço e numa realidade virtual sombreada e definida pelas memórias, baloiço. Baloiço. Para lá e para cá. Eu nunca pensei cair do baloiço. Pensava que ele era alado e tinha asas que balançavam só para mim...Mas um dia caí...e o coração deitou sangue e rodou como um pião na areia do parque.
Ainda ouço no vento as palavras recriminatórias de minha mãe: " Eu não te avisei? Porque é que não cresces e és como toda a gente? Bem feita para aprenderes!". Agora estou sem coração. Mas não faz mal. Fui à loja e comprei uma caixinha de música, que coloquei no lugar vazio do peito. Assim não se sofre, não há desilusão.
Mentira.Mentira. A caixinha tocou músicas que me lembravam de ti, a melodia encheu os olhos de águas rumorosas do passado-presente. A boca a queimar, a arder em lume brando dos beijos que ficaram por trocar. Eu dou-te um. Tu dás-me outro. Tu prometeste. Porque é que não conseguimos cumprir as nossas promessas? Eu sei... já sei o que dirias...que eu também me esqueci de cumprir as minhas. Eu disse que não ia sofrer. Mas a culpa não é minha, foi da caixinha de música e do telefone pousado na mesa, que insiste em não em tocar.
Na noite da insónia depois de ti ninguém telefona, proibíram o riso, amordaçaram as gargalhadas. Não, não tenho forças para lutar contra eles! Contra os sentimentos. Fundi a minha força em ti quando deitava a minha cabeça no teu ombro.
Até encetei roubar a lua para iluminar as veredas escuras na noite da insónia depois de ti... mas a lua já era tua. Prometi oferecer-te em troca do teu sorriso, como um chocalate que se dá a uma criança. Agora tenho de pagar a lua em prestações. Vão-se abrindo crateras dentro de mim.Salto no vazio mas já não me amparas.
Deixo a porta do sótão entreaberta, escrevi cartas que não acabei, histórias sem final. O telefone continua pousado em cima da mesa. Será que vais ligar?
Era uma vez uma jarra com flores na mesa da cozinha.Era uma vez um coração. A criança derrubou a jarra, flores desfolhadas, água derramada. O coração ficou amarrotado, derrubado, derrotado a um canto do sótão.
A minha avó guardava sempre no sótão as coisas inúteis, empoeiradas, as coisas antigas ou partidas do passado. O meu coração ficou no cantinho do sótão , bem do lado do baloiço que me era tão querido em criança.
A minha mãe dizia tantas vezes : " Cresce filha..já não tens idade para andar de baloiço!"Contava a bússola do tempo 13 primaveras. Mas eu nunca queria crescer. Ainda hoje me ponho a olhar o baloiço e numa realidade virtual sombreada e definida pelas memórias, baloiço. Baloiço. Para lá e para cá. Eu nunca pensei cair do baloiço. Pensava que ele era alado e tinha asas que balançavam só para mim...Mas um dia caí...e o coração deitou sangue e rodou como um pião na areia do parque.
Ainda ouço no vento as palavras recriminatórias de minha mãe: " Eu não te avisei? Porque é que não cresces e és como toda a gente? Bem feita para aprenderes!". Agora estou sem coração. Mas não faz mal. Fui à loja e comprei uma caixinha de música, que coloquei no lugar vazio do peito. Assim não se sofre, não há desilusão.
Mentira.Mentira. A caixinha tocou músicas que me lembravam de ti, a melodia encheu os olhos de águas rumorosas do passado-presente. A boca a queimar, a arder em lume brando dos beijos que ficaram por trocar. Eu dou-te um. Tu dás-me outro. Tu prometeste. Porque é que não conseguimos cumprir as nossas promessas? Eu sei... já sei o que dirias...que eu também me esqueci de cumprir as minhas. Eu disse que não ia sofrer. Mas a culpa não é minha, foi da caixinha de música e do telefone pousado na mesa, que insiste em não em tocar.
Na noite da insónia depois de ti ninguém telefona, proibíram o riso, amordaçaram as gargalhadas. Não, não tenho forças para lutar contra eles! Contra os sentimentos. Fundi a minha força em ti quando deitava a minha cabeça no teu ombro.
Até encetei roubar a lua para iluminar as veredas escuras na noite da insónia depois de ti... mas a lua já era tua. Prometi oferecer-te em troca do teu sorriso, como um chocalate que se dá a uma criança. Agora tenho de pagar a lua em prestações. Vão-se abrindo crateras dentro de mim.Salto no vazio mas já não me amparas.
Deixo a porta do sótão entreaberta, escrevi cartas que não acabei, histórias sem final. O telefone continua pousado em cima da mesa. Será que vais ligar?
Comentários