Poemas para a minha filha - VII (Saudade)
Um dia, filha
Vou contar-te que aprendo todos os dias a ser mãe
Com as mulheres da minha família
E como percebi que isso nos une a todas
Numa sororidade bonita de memórias e recordações
Mais forte que termos o mesmo apelido
Mais forte que uma árvore genealógica
É sermos amor
Aprendo com a minha avó
Quando me lembro dela a fazer arroz doce, mílharas ou filhozes
Sopa para nós e caldo escoado para o meu pai, como ele adorava
Pronto às 2h da manhã, quando chegávamos de Lisboa
Aprendo com a minha mãe
Colo de todos os minutos
Consolo de todos os momentos
A palavra certa e o conselho na ponta da língua
O xarope para cada doença e as músicas preferidas da neta
Aprendo com as minhas tias
Que são segundas mães
Abraços apertadinhos
Olhos brilhantes de carinho
Aprendo com as minhas primas
Que foram mães primeiro que eu e já sabem tudo de tudo
E aprendo com a saudade, com a voz dela que ficou gravada em mim para sempre
A minha Nini, que tanto gostava de receber as tuas fotos e vídeos
Cada gracinha e palavra nova
Que espero que a tenham feito sorrir um pouco entre tudo o que passou
E agora a falta que me faz o colo dela e as dicas sempre certeiras
Aprendo que a dor não se vai embora
Mas que tu, minha filha, ajudas a amparar.
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