O Fim

Mais um bocadinho e chegas lá. Só mais um bocadinho, prometem-te. Mais um par de horas frente ao computador, uma directa, duas noites sem dormir. No reflexo transparente da janela do comboio assustas-te com a tua imagem, as olheiras cavadas, os olhos vermelhos e pequeninos de sono. Tudo isto e para quê? O tempo voa e a vida avança desiquilibrada, como livros empilhados no chão, sempre a ameaçar desmoronar-se: mais uma desilusão, mais um sonho adiado e uma promessa quebrada, tremes na ansiedade da queda iminente, como tremem os livros e a torre finalmente se desfaz no chão. O fim seria mais fácil, pensas. Seria mais fácil assumir a derrota como os livros caídos que continuar trémula no topo da torre de Pisa. Mas até quando vais aguentar? E a que preço?

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Aguentas. Tens de aguentar e pensar que em alguma parte vais dar o salto e as coisas vão mudar.