«Prometo». Não costumo falhar às promessas que te faço, e ponho toda a verdade em cada palavra, sílaba, ditongo e frase que te digo. Prometi-te que voltava a pegar na escrita e a fazer dela minha. Como se as palavras tivessem dono, assim como os corações. São apenas fragmentos que vamos segurando nos dedos, peças que nunca completam verdadeiramente um puzzle mas que insisto em tentar juntar. Se estou a falar do meu coração ou das palavras? Talvez dos dois. Possivelmente de mim. Sou um puzzle sem sentido, mas tu és a peça chave para me completar. O amor é como o vinho sabes? Quanto mais velho melhor. O nosso tem amadurecido como uma boa garrafa de vinho tinto. Mas os corações, meu querido, nunca terão dono. São almas mordazes e dífíceis, que batem ao ritmo de uma canção. A música do meu coração está sempre a mudar, ora rápida, ora lenta, ora feliz, ora triste. Ta na na na na. Ti ri ri ri. Tantas canções, todas elas ao ritmo da mesma letra do nosso amor. Mas o coração é complicado e invejoso. Há dias que sei que te amo mas o coração desencanta-se. Há dias que me apetece gritar e dizer adeus, esbraçejar e partir rumo a lado nenhum sem saber porquê. Dias de raiva e dias sem palavras. Parece que jogo uma partida em que te posso perder um dia. De encontros e desencontros tornados acaso. Sou uma alma estranha, que se entranha no amor e na paixão. Mas eu «prometo». Prometo que te amo e eu não falho às minhas promessas. Se te disser «vou amar-te para sempre», então já sabes. Para sempre é o tempo que te resta para ouvires as muitas melodias do meu coração, que tal como as palavras, terás sempre de conquistar e nunca serão tuas. Peço as letras emprestadas ocasionalmente e faço delas o meu acaso feliz. Sem elas e sem ti, sou só um fragmento, uma peça num tabuleiro de xadrez, sem nunca poder fazer xeque-mate ao rei.
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