Mulher
O céu terá sempre estrelas, disseram-me um dia. Mesmo quando parece que alguém apagou todos os candeeiros do céu. Por vezes choro tanto que não consigo descortinar, entre as lágrimas, o brilho que o céu e a lua me trazem. Mas noutros dias, naqueles a que chamamos felizes, sinto que o céu se enche de estrelas que brilham só para mim. Eu sou uma estrela. Por vezes, tenho andado distante do meu próprio brilho. E talvez esteja na altura de mostrar ao mundo que brilho mais que muitas estrelas falsas que por aí andam. Que tenho não a beleza dos outros, mas a minha própria beleza. Tecida por fadas de sonhos e amizades, por olhos que me souberam ver. Os olhos que não me quiserem conhecer ou me achem menos do que sou, podem passar e olhar para outro lado. O mundo está cheio de gente assim. Mesquinha e irrelevante. Só eu sei quem sou.Só eu me deito comigo e adormeço a meu lado. Sou mulher. Sou eu. Sou mais do que uma cara ou um corpo. Sou estrela e luz. Sou um livro que vou escrevendo. Arranco páginas quando me revolto com a história que sou. Outras vezes escrevo sem parar para me reconhecer. Conheço-me? Nem sempre. Sou muitas vezes uma imagem desfocada, uma fotografia que não mostra o que verdadeiramente sou. Por trás das sobrancelhas erguidas, do olhar de desafio e do sorriso ou das lágrimas, está mais de mim. Está a estrela que se tem escondido atrás das nuvens e que nem todos merecem ver. Hoje mostra-se, verdadeira. Despida de sentidos e cheia de luzes. Eu própria. No meu céu.
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