Trapézio

Os olhos dela brilhavam na escuridão da vida e do tempo, ela dançava para afastar o medo porque as velas já tinham sido apagadas há muito tempo. Ela sempre foi perita em acender rastilhos mas nunca soube evitar que as coisas explodissem de repente. A tua mão é teimosa, uma vez mais, em agarrar-me quando mais ninguém o faz. Quando toda a gente me olha mas não me entende. Ninguém sabe quem sou. Pó de estrelas e sonhos espalhados por aí, sorrisos e danças num trapézio sem final. A vida ensinou-me que não se brinca com o fogo, mas por vezes deixo-me embrenhar nas chamas que consigo acender. Amei-te em cada salto na fogueira, em cada riso outonal da minha vida, em cada gargalhada a cheirar a verão da minha memória. O amor é essa memória de bocados de passado e presentes de futuro, é esse laço que nos une irremediavelmente ao outro, como se não houvesse alma própria. A minha alma está dentro da tua, ou a tua dentro da minha, por assim dizer. O amo-te é muito pouco para te dizer, meu amor, a forma como a tua mão no meu rosto ou a tua mão a escorregar silenciosamente pelo meu corpo, me faz sentir. a aragem morna da tua boca colada na minha, o teu corpo a queimar junto do meu e os risos perdidos na noite em que mais ninguém nos pode ouvir. Quando me amas explode a galáxia, explode o mundo e eu sou mais que muito. Sou vida na própria vida. Amar-te é cometer erros mas dar o melhor de mim. Amar-te é ser uma onda a rebentar incessantemente na areia do teu abraço meu amor enquanto o teu corpo baloiça no meu pela noite fora. O teu barco a navegar no meu mar e o cheiro a maresia e a mar de amar. Meu amor.

Comentários

Fátima disse…
oh =) a martita voltou em grande :D
delusions disse…
"O amor é essa memória de bocados de passado e presentes de futuro, é esse laço que nos une irremediavelmente ao outro, como se não houvesse alma própria. A minha alma está dentro da tua, ou a tua dentro da minha, por assim dizer. O amo-te é muito pouco para te dizer, meu amor, a forma como a tua mão no meu rosto ou a tua mão a escorregar silenciosamente pelo meu corpo, me faz sentir.


...o amor é tanto... e conseguimos dizer tão pouco...


deixei-te uma lembrança no meu lupanar.


bjs*
Sofia
Unattached disse…
Encanta-me a sua escrita melodramática miss Martini.

[:
*