Estranho viajante
- De onde vens estranho viajante?
Na varanda coberta de flores, contas-me a tua história aquecida pelo chá adocicado com mel. Ès um foragido do Mundo, um foragido de ti. Viajaste por onde quiseste, desenlaçaste qualquer laço que te pudesse prender. Agora já não és capaz de atar os sapatos e voltaste. Nada te dá satisfação, e tu que pensavas que não tinhas de dar satisfações a ninguém. Esqueceste-te de ti quando te fugiste.Pareces pálido e envelhecido dos teus medos. Cansado de fugir, disseste-me. E eu?Oh eu nunca tive mais que esta varanda e que os passeios nas tardes de Outono. Queres vir passear comigo estranho viajante? Conhecer a música da harpa de fantasias que toco ao sabor de mim mesma?Velejar pelo soalho da minha varanda? Sento-me repentinamente no baloiço da varanda. Empurra-me viajante, devagarinho para não te cansares. E se tiveres frio acendemos uma fogueira que abrase a alma. Ainda tens alma, ali está ela. A empurrar o meu baloiço num sopro de sonho. Estou tão viva na tua presença. Retiras o capuz. Danço no teu olhar infinito. E passeamos, passeamos com o sublime pensamento que o amor não é uma mera passeata ou uma viagem em que não deixamos raízes. O amor é um passeio que queremos prolongar indefinidamente. A melodia de uma harpa que não queremos deixar esmorecer. O amor é um passeio que não se sabe bem como começa. Este começou nesta varanda coberta de flores, orquídeas, túlipas, magnólias. Um passeio que nos torna tão tão leves. Foi por isso que voltaste misterioso homem, e encontraste-me. Não tenhas receio, eu seguro-te na mão quando sairmos lá para fora. A minha mão dir-te-á “gosto de ti” sem eu pronunciar nenhuma palavra. E a tua mão responderá “sim eu também”, nesse momento as duas irão fundir-se e encontrar-se. Não importa que não acredites nas histórias de amor que correm por aí. Eu também já deixei de acreditar muitas vezes. Tantas vezes que deixei de acreditar em tanto coisa. Só tenho uma fé impertubável na minha alma dançante, a minha alma borboleta que nãosabe viver sem ser assim. Procurando outra alma borboleta, outra alma dançante. Não se dança sem ter par. Estou farta de dançar sozinha. Busco a metade da laranja, a metade da lua, a metade do sol. A metade do todo. A meia dúzia da dúzia. A moral da história, da minha pequena fábula.
Na varanda coberta de flores, contas-me a tua história aquecida pelo chá adocicado com mel. Ès um foragido do Mundo, um foragido de ti. Viajaste por onde quiseste, desenlaçaste qualquer laço que te pudesse prender. Agora já não és capaz de atar os sapatos e voltaste. Nada te dá satisfação, e tu que pensavas que não tinhas de dar satisfações a ninguém. Esqueceste-te de ti quando te fugiste.Pareces pálido e envelhecido dos teus medos. Cansado de fugir, disseste-me. E eu?Oh eu nunca tive mais que esta varanda e que os passeios nas tardes de Outono. Queres vir passear comigo estranho viajante? Conhecer a música da harpa de fantasias que toco ao sabor de mim mesma?Velejar pelo soalho da minha varanda? Sento-me repentinamente no baloiço da varanda. Empurra-me viajante, devagarinho para não te cansares. E se tiveres frio acendemos uma fogueira que abrase a alma. Ainda tens alma, ali está ela. A empurrar o meu baloiço num sopro de sonho. Estou tão viva na tua presença. Retiras o capuz. Danço no teu olhar infinito. E passeamos, passeamos com o sublime pensamento que o amor não é uma mera passeata ou uma viagem em que não deixamos raízes. O amor é um passeio que queremos prolongar indefinidamente. A melodia de uma harpa que não queremos deixar esmorecer. O amor é um passeio que não se sabe bem como começa. Este começou nesta varanda coberta de flores, orquídeas, túlipas, magnólias. Um passeio que nos torna tão tão leves. Foi por isso que voltaste misterioso homem, e encontraste-me. Não tenhas receio, eu seguro-te na mão quando sairmos lá para fora. A minha mão dir-te-á “gosto de ti” sem eu pronunciar nenhuma palavra. E a tua mão responderá “sim eu também”, nesse momento as duas irão fundir-se e encontrar-se. Não importa que não acredites nas histórias de amor que correm por aí. Eu também já deixei de acreditar muitas vezes. Tantas vezes que deixei de acreditar em tanto coisa. Só tenho uma fé impertubável na minha alma dançante, a minha alma borboleta que nãosabe viver sem ser assim. Procurando outra alma borboleta, outra alma dançante. Não se dança sem ter par. Estou farta de dançar sozinha. Busco a metade da laranja, a metade da lua, a metade do sol. A metade do todo. A meia dúzia da dúzia. A moral da história, da minha pequena fábula.
Comentários
Um grande 2007*
(..)"Estou farta de dançar sozinha. Busco a metade da laranja, a metade da lua, a metade do sol. A metade do todo."
eu adorei este post...incrível como algumas partes podiam ter sido escritas para mim (não querendo parecer convencida). Acho que os textos mais inesquecíveis são ou os que nos fazem pensar ou aqueles em que nos reconhecemos. E este tem essas duas características.Adorei
Um grande 2007*
A minha mão dir-te-á “gosto de ti” sem eu pronunciar nenhuma palavra.
Tantas vezes que deixei de acreditar em tanto coisa.
Não se dança sem ter par. Estou farta de dançar sozinha.
Lindo, lindo, lindo e lindo.
Tudo coisas que todos já sentimos mas, de alguma forma faltam as palavras para poder descrever. Não acredito na teoria de dois fazerem um. Ou de cada um ser a metade de algo maior. Mas admito que ser sempre apenas um é desconfortável, e pode trazer ansia e solidão. Porque falta algo...
Gostei mesmo muito e continuava aqui a escrever linhas fora, "sem dizer nada de jeito até......
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