Crise de tempo

Dizia o MEC que o mundo não existe porque damos conta dele, mas porque existe. Ele vibra. E mexe. Mesmo quando estamos distraídos. E sobretudo quando estamos. O mesmo se passa com o tempo. O tempo passa mesmo que não lhe liguemos nenhuma, ele não quer saber. Passa e pronto. Mas chega um tempo mais egoísta, arrogante, que chama a atenção como um miúdo reguila e que nos obriga a prestar atenção. É o tempo das más notícias, das crises, que suspende a vida e a desacelera, obrigando a pensar.
No tempo da crise do (des)emprego em Portugal, não temos tempo para pensar nos sonhos, nas carreiras, no que dizíamos que íamos ser quando crescêssemos. Tenho muitos amigos que partiram do país para trabalhar, não nos seus sonhos, mas para fazer qualquer coisa que seja, que traga aquilo que alimenta ao final do mês. E assim, pergunto-me, quando regressar o tempo dos sonhos, das carreiras, daquilo que "eu quero ser quando for grande", será que chega a tempo?

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